Como a Gestalt-terapia pode ajudar nos casos de Transtorno Borderline?
- Transborda Psicoterapia
- 30 de jul.
- 2 min de leitura
Pessoas com diagnóstico de borderline costumam ser muito sensíveis e intensas. Sentem tudo de forma ampliada, reagem com força e, muitas vezes, se arrependem depois. Vivem crises emocionais com frequência e enfrentam dificuldades constantes nos relacionamentos.
Não é exagero, nem drama. É uma dor real. E precisa ser compreendida com seriedade. Por trás dessas reações intensas, geralmente há um histórico de abandono, negligência, abuso ou ambientes afetivamente instáveis.
Essas pessoas cresceram sem aprender a nomear, conter ou cuidar das próprias emoções, e muitas vezes, sem ninguém que fizesse isso por elas. A dor da rejeição, mesmo quando sutil, pode ser insuportável. Por isso, vivem em alerta, esperando o próximo abandono.
Na clínica, esse sofrimento se manifesta de forma intensa. São pessoas que testam o vínculo o tempo todo, desconfiadas de que serão deixadas; podem interpretar mudanças de expressão, tom de voz ou postura como sinal de rejeição; qualquer movimento do terapeuta pode ser vivido como crítica ou abandono. É como se lidássemos com uma criança machucada, vivendo num corpo adulto.
Na Gestalt, valorizamos o que se apresenta no aqui-agora da relação. O foco não está apenas nos conteúdos que o cliente traz, mas em como ele está em contato conosco: o campo em que terapeuta e cliente estão juntos.
O terapeuta precisa ser claro, firme e afetuoso.Ajuda a nomear o que acontece, a diferenciar fantasia de realidade, e a sustentar o vínculo, mesmo nos momentos mais difíceis.
O que transforma não é apenas o que se fala, mas a forma como se vive a relação terapêutica.
Quando o terapeuta se mantém presente, mesmo diante das crises, das idealizações ou rejeições, o cliente começa a perceber que é possível confiar.
Ao longo do tempo, essa relação consistente se torna uma referência interna. Algo que antes parecia impossível: viver os afetos sem explodir ou se machucar.
Atender alguém com esse nível de sofrimento emocional exige presença, preparo e muita honestidade com seus próprios limites. É preciso cuidar do vínculo com delicadeza, mas também com estrutura e não se afastar da dor, nem da sua, nem da do outro.
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