De onde vem a minha dificuldade em dizer NÃO?
- Transborda Psicoterapia
- 24 de mar.
- 2 min de leitura
A dificuldade em dizer “não” é um tema recorrente em processos terapêuticos e pode estar relacionada a diferentes fatores, desde padrões internalizados na infância até mecanismos de defesa inconscientes.
Vamos explorar alguns?
Na Gestalt-terapia, proflexão é um mecanismo de contato no qual a pessoa faz pelo outro algo que gostaria que fizessem a si mesmo. No caso da dificuldade de dizer “não”, muitas vezes ocorre um processo de inversão: a pessoa não consegue negar pedidos ou estabelecer limites porque imagina o sofrimento ou a frustração que o outro poderia sentir — sentimentos que, na verdade, pertencem a ela mesma. Assim, ao evitar causar desconforto nos outros, ela está protegendo a própria dor, pois teme entrar em contato com esse tipo de experiência. Não faço com o outro para que não façam comigo.
Além disso, a maneira como lidamos com a recusa está diretamente ligada à nossa capacidade de impô-la. Pessoas que têm dificuldade em aceitar um “não” tendem a vivenciá-lo como rejeição, abandono ou prova de desamor. Esse tipo de experiência pode ser resultado de uma história de relações em que os “nãos” foram associados a punições, afastamentos ou mesmo sentimentos de desvalorização. Assim, ao se colocar no papel de quem diz “não”, a pessoa projeta no outro o mesmo sofrimento que ela mesma sente ao receber uma negativa e, inconscientemente, evita essa situação.
Outro aspecto importante dessa dificuldade é o desejo de ser aceito e amado. Muitas pessoas desenvolveram um padrão relacional baseado no agradar, o que pode ter sido um recurso adaptativo na infância. Se, em algum momento, o afeto recebido estava condicionado ao atendimento das expectativas externas, a pessoa pode ter aprendido que dizer “sim” é a chave para ser querida e valorizada. Com isso, sua própria vontade e seus limites acabam sendo negligenciados em prol da aprovação do outro.
No processo terapêutico, o desafio é ampliar a consciência sobre esses padrões e desenvolver uma relação mais autêntica consigo mesmo, entendendo a sua forma de ser e se relacionar no mundo.
O que você identifica por aí?
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